Em uma pesquisa recente da Mckinsey, ficou claro que as empresas que estão obtendo os maiores retornos de seus investimentos em tecnologia são aquelas dispostas a enfrentar barreiras culturais e estruturais para descentralizar e reduzir o grau de dependência ou restrições das iniciativas de desenvolvimento. Mais do que isso, identificar e eliminar gargalos diversos promovendo um ambiente seguro, com mais autonomia e orientado à estratégia.
Há tempos a tecnologia não está centrada a um departamento ou segmento, esse é um dos principais conceitos da Transformação Digital. Desde a forma como uma empresa opera a rotina de seus processos até a venda de produtos e serviços, as empresas em setores que vão do varejo ao setor bancário necessitam desenvolver uma gama de novas habilidades e capacidades.
“Além de dominar as competências de seu setor, as empresas precisam se destacar, antes de mais nada, no desenvolvimento de tecnologia.”
Toda empresa, em qualquer segmento, que deseja se manter o alçar um posto de liderança será, em essência, uma empresa de tecnologia. De fato, dos 20 milhões de engenheiros de software em todo o mundo, mais da metade, estima-se, que estejam trabalhando fora da indústria de tecnologia, e essa proporção está crescendo.
No entanto, para a grande maioria das empresas, esses investimentos não levaram a melhorias significativas de desempenho. O lançamento de um novo produto ou recurso ainda pode levar meses. Os líderes ainda lutam para dimensionar inovações e alavancar inovações.
Melhorar o desempenho dos negócios por meio do desenvolvimento de software se resume a capacitar os desenvolvedores, criando o ambiente certo para inovar e removendo pontos de atrito. Isso significa que o desafio não se trata apenas de aumentar a velocidade de desenvolvimento, mas também de liberar todo o potencial do talento dos indivíduos.
Curiosamente, essas descobertas vão de encontro à sabedoria convencional da indústria. Por exemplo, muitos dos líderes de negócios presumem que as cerimônias ágeis em nível de equipe estão entre os principais facilitadores do desenvolvimento de software. Mas, embora as práticas ágeis sejam úteis, o estudo descobriu que elas não desempenham papel significativo na mudança de resultado.
Por outro lado as melhores ferramentas de mercado são as que mais contribuem para o sucesso dos negócios, permitindo maior produtividade, visibilidade e coordenação. O sub-investimento em ferramentas ao longo do ciclo de vida do desenvolvimento é um dos motivos pelos quais tantas empresas lutam com os problemas da “caixa preta”.
Melhorando a vida dos desenvolvedores
Em geral, líderes entendem muito pouco da experiência cotidiana de um desenvolvedor. Outro desafio é priorizar o investimento entre o amplo e diversificado conjunto de alavancas que criam valor. Diversas ações podem ajudar a na rotina das equipes de tecnologia: ferramentas, cultura, gerenciamento de produtos e gerenciamento de talentos.
As ferramentas best-in-class são o principal fator em ganho de desempenho. Organizações com ferramentas adequadas para planejamento, desenvolvimento, colaboração, integração e entrega contínuas são 65% mais inovadoras do que as empresas que não escolhem boas soluções de mercado. A capacidade de acessar ferramentas relevantes para cada estágio do ciclo de vida do software contribui para a satisfação do desenvolvedor e as taxas de retenção que são 47% mais altas.
As empresas líderes também investem em plataformas Low Code e No Code. Essas plataformas permitem que o usuário de negócios (Citizen Developer) desenvolva aplicativos sem qualquer experiência em software, liberando desenvolvedores experientes para se concentrarem nas tarefas mais desafiadoras. As empresas que capacitam os desenvolvedores cidadãos possuem 33% melhor desempenho em indicadores de inovação que empresas que não possuem essa iniciativa.
Criando segurança aos indíviduos e equipes
As organizações que permitem que as equipes de software experimentem, falhem e aprendam em um ambiente seguro obtêm resultados consistentemente melhores. Compartilhamento de conhecimento, melhoria contínua, mentalidade de liderança servidora e uma filosofia centrada no cliente estão todos correlacionados a um desempenho empresarial superior. Mas, de longe, o atributo cultural mais importante é a segurança psicológica, ou seja, uma crença compartilhada de que assumir riscos na busca por soluções inovadoras de problemas é permitido e protegido.
As empresas com melhor desempenho nesse aspecto da mudança cultural também investem em sistemas que possam absorver e minimizar o custo das falhas. Esses investimentos incluem recursos como lançamentos controlados, sistemas de reversões automatizadas, bem como sistemática de retrospectivas que permitem que as equipes reflitam de forma construtiva sobre o que funcionou e o que não funcionou.
Além de promover a segurança psicológica, as empresas com melhores resultados reconhecem com mais frequência os funcionários por suas realizações, demonstrando publicamente os esforços individuais e de equipe e recompensando as contribuições excepcionais. Eles também constroem fortes comunidades de prática por meio, por exemplo, de encontros regulares e sobre tópicos específicos. Por último, as empresas promovem iniciativas que permitem que as equipes se envolvam mais diretamente com o cliente por meio de demonstrações e visitas.
Assim, é imperativo descentralizar as iniciativas de tecnologia bem como orientar processos e investimento de tal forma que equipe de tecnologia atue no máximo de seu desempenho com boas ferramentas, autonomia e segurança. A recompensa será para todos, melhores resultados e uma perspectiva de liderança.
Gilberto Strafacci Neto
Country Manager da Practia no Brasil (www.practiaglobal.com.br) e Senior Partner do Setec Consulting Group (www.setecnet.com.br). Master Business Essentials CORe Program pela Harvard Business School, MBA em Liderança e Inovação, Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Master Black Belt, Agile Coach, Design Thinker, Manager 3.0, Certified Six Sigma Master Black Belt pela American Society for Quality (ASQ) e Certified Scrum Master pela Scrum Alliance e Facilitador Certificado LEGO® SERIOUS PLAY® (Ver PERFIL).