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“Quem acha que os próximos seis meses serão mais fáceis do que os últimos seis meses está muito enganado.”

 

Essa frase, aparentemente pessimista, é de Joe Bosch, ex-executivo da DIRECTV. Para ele, para melhor ou para pior, certamente o futuro não será o que muitos esperam. Tomando o aprendizado recente da nossa baixa capacidade de perceber, antecipar e evitar mudanças, principalmente quando fora do nosso controle, podemos considerar que esse cenário se aplica ao trabalho e a forma de organização das equipes.

O tal novo normal populou nossas mentes e conversas durante o pico da pandemia na tentativa de estabelecer o novo estado de coisas. Ficou claro, contudo, que o novo normal é um processo adaptativo e evolutivo. O trabalho, a saúde e as finanças não voltarão ao que eram antes, mas também existe um pensamento exagerado associado à transformação radical das relações entre pessoas, empresas, clientes e partes envolvidas.

Com tantas mudanças diárias, é impossível determinar o que exatamente o futuro do trabalho reservará no curto prazo. No entanto, conversando com líderes de diversas organizações e observando algumas tendências farei um exercício de futurologia sobre o que não veremos nesse novo paradigma, em quatro pontos principais.

 

1. O futuro do trabalho não é 100% remoto.

A promessa de trabalho totalmente distribuído inclui a capacidade de morar em qualquer lugar e ainda trabalhar para a empresa dos seus sonhos. A realidade de ser remoto é muito menos glamurosa, e o impacto de longo prazo na saúde da equipe permanece desconhecido. Embora seja impossível ignorar os benefícios do horário flexível e do controle do próprio horário, a necessidade de conexão social, colaboração e criatividade é inegável.

A necessidade de certeza levou muitos líderes a assumir compromissos de longo prazo com novas formas de trabalho, mas muitas empresas que fizeram declarações ousadas durante a pandemia sobre serem totalmente remotas e distribuídas pode ser revertido para um modelo híbrido, flexível e mais equilibrado.

 

2. O futuro do trabalho não é fazer apenas declarações sobre diversidade, equidade e inclusão.

Diversidade, equidade e inclusão ocupam o centro das atenções da sociedade e, por consequência dos líderes e suas organizações. Muitos empregadores responderam à essa necessidade fazendo doações, declarações ousadas e compromissos de longo prazo com a mudança da própria estrutura de suas organizações.

Por mais que existam discursos, é importante que hajam ações, políticas e orçamentos comprometidos com iniciativas de diversidade, equidade e inclusão. Agora, mais do que nunca, trata-se de considerar a dimensão da diversidade em cada decisão de negócio.

 

3. O futuro do trabalho não está preocupado com os custos dos benefícios dos funcionários.

Embora o choque econômico do ano passado tenha congelado novos gastos, ele também desbloqueou novos dados que demonstram o impacto dos benefícios de bem-estar na força de trabalho. Quer se trate de cuidados, saúde mental, bem-estar financeiro, precisamos melhorar o tecido social de apoio aos funcionários. Mesmo que isso signifique custos mais altos por funcionário no curto prazo, o impacto no engajamento, produtividade e retenção é inegável.

 

4. O futuro do trabalho não é contratar novos talentos.

Milhões de empregos foram perdidos em meio à pandemia, e a triste realidade é que muitos não voltarão. Será tentador para os empregadores simplesmente restabelecer funções anteriores, mas a aplicação de novas tecnologias em nome da segurança catalisou a automação em todos os empregos e setores. Em vez disso, o foco do empregador mudará para dentro, fazendo um inventário dos talentos que eles têm e descobrindo como desenvolvê-los no talento de que precisam.

Isso aumenta a necessidade de melhores dados conectando pessoas, habilidades e necessidades de negócios. Precisamos reverter a ordem em que as coisas são feitas quando se trata da força de trabalho. Primeiro precisamos nos engajar, colaborar, avaliar e depois treinar.

Embora a tecnologia possa parecer a causa raiz desses desafios, também é uma grande parte de um caminho mais produtivo. Com uso de tecnologia, podemos nos concentrar em criar uma experiência (ou uma jornada) mais positiva para o cliente interno, reforçando as oportunidades de trabalho mais interessante e impactante e desenvolvendo habilidades competitivas para suas futuras carreiras.

 

O futuro do trabalho é agora.

Embora a pandemia tenha acelerado a mudança para um futuro de trabalho mais digital, distribuído e orientado por dados, os empregadores têm a capacidade de moldar o caminho a seguir para seus funcionários. No entanto, traçar um caminho promissor exige reconhecer o estado atual do trabalho, que não é otimista. O desafio que temos pela frente vale a pena, pois determinará o bem-estar da próxima geração e além.

 

Gilberto Strafacci Neto

Country Manager da Practia no Brasil (www.practiaglobal.com.br) e Senior Partner do Setec Consulting Group (www.setecnet.com.br). Master Business Essentials CORe Program pela Harvard Business School, MBA em Liderança e Inovação, Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Master Black Belt, Agile Coach, Design Thinker, Manager 3.0, Certified Six Sigma Master Black Belt pela American Society for Quality (ASQ) e Certified Scrum Master pela Scrum Alliance e Facilitador Certificado LEGO® SERIOUS PLAY® (Ver PERFIL).

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