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A maioria dos líderes e das organizações estão buscando estabilidade, controle e capacidade de previsão de comportamentos futuros. Essa mentalidade finita, no jogo infinito dos negócios, cria empresas, produtos e soluções pouco flexíveis e resilientes. Em contraste, os líderes de mente infinita criam organizações muito mais fortes, competitivas e adaptáveis. A Transformação Digital tem papel fundamental em permitir que empresas estejam prontas para esse novo tipo de jogo.

Muitas vezes, os líderes jogam com uma mentalidade finita com obsessão por números trimestrais. Isso é tão legítimo e natural como também leva a medidas que podem ser extremamente caras a longo prazo. Encontrar o equilíbrio entre flexibilidade e estabilidade, risco e segurança, planos e planejamento é tudo menos trivial. A mentalidade finita é fruto das estruturas organizacionais que são moldadas para durar e rentabilizar ao máximo seus recursos, ativos, produtos, serviços e clientes. Nenhum processo, produto ou serviço é estruturado para se desafiar e, eventualmente, se fagocitar. A não ser que sejam pensado a partir se soluções digitais que possibilitam responder esse aparente paradoxo.

Antes, valem algumas definições. Segundo Simon Sinek, em seu último livro, os jogos finitos têm um começo, meio e fim claros. Existem jogadores conhecidos, regras fixas aplicadas pelos árbitros e objetivos acordados. Pense no futebol, por exemplo. Jogos infinitos, ao contrário, são jogados por jogadores conhecidos e desconhecidos. Não há regras definidas e acordadas e cada jogador pode mudar a forma como joga a qualquer momento. Jogos infinitos não têm fim ou definição clara do que significa “vencer”. O objetivo é continuar jogando. Não há vitória em jogos infinitos como amizade, casamento ou negócios. Essas são jornadas contínuas e não apenas ocasiões pontuais.

O jogo finito termina quando o tempo se esgota e os jogadores vivem. Em contraste, no jogo infinito, o jogo continua enquanto os jogadores vêm e vão. Nos negócios, isso é chamado de falência. Para ter sucesso no jogo infinito dos negócios, precisamos mudar o foco de pensar sobre quem ganha para focar na construção de organizações resilientes que duram gerações.

Um líder tipicamente trabalha para conseguir algo de funcionários, clientes e acionistas para atingir as metas. O desafio é olhar além do que é melhor para a empresa e inspirar as equipes a avançar em uma visão de futuro que beneficia a todos. As métricas são apenas marcadores de progresso em direção a essa visão. Para alguns, é o princípio da abundância.

Enquanto as empresas que jogam o jogo finito são construídas para estabilidade, aquelas que jogam o jogo infinito são orientadas para a resiliência. As empresas construídas para a estabilidade podem enfrentar alguns desafios, mas não estão preparadas para interrupções imprevisíveis. Empresas resilientes abraçam as surpresas e se adaptam a elas. Se processos e métricas moldam comportamentos e a cultura de uma organização, não há como construir uma organização adaptável se seu modelo de negócios e seus processos não favorecem a adaptabilidade.

Não tem como não pensar, dessa forma, que as empresas que jogam o jogo infinito estão em um eterno modo beta. E usando esse paralelo, não tem como não pensar que essas organizações são extremamente conectadas ao mundo digital. A Transformação Digital pode ser definida como um fenômeno que incorpora o uso da tecnologia digital às soluções de problemas tradicionais. Assim, abrange mudanças procedurais em diversos âmbitos de uma sociedade, isto é, essa transformação modifica o paradigma da utilização da tecnologia, saindo de uma mera ferramenta para o centro da construção desse novo mapa mental.

Empresas pautadas por ativos físicos e analógicos inerentemente, por design, terão maior dificuldade, inércia e atrito para qualquer tipo de mudança, seja incremental ou abrupta. No limite, esse modelo tradicional, somado a uma mentalidade avessa a riscos, está enraizado em sua forma de organização, estratégia e oferta de produtos e serviços. Empresas que são plataformas ou produtos digitais possuem vantagens competitivas que viabilizam melhores resultados no jogo infinito:

Menor inércia e atrito à mudança

Ativos digitais são desenvolvidos com base no resultado de trabalhadores do conhecimento e, em última instância, podem ser construídos e desconstruídos com maior velocidade e relativamente menor custo, favorecendo testes e mudanças para melhoria contínua, otimização ou até mesmo pivotamento.

Coleta constante de dados

Dados que orientam a tomada de decisão, quando não se tem escolha e um único paradigma, geram resultados diferentes para organizações que estão aptas a mudar o criar algo novo. Nenhuma empresa possui certeza do caminho, mas deve ter um entendimento mínimo sobre a sua direção. Dados pavimentam estradas para melhoria da experiência do cliente e entendimento do comportamento do usuário. Plataformas digitais, dessa forma, são fontes de infinitos dados para um jogo infinito, o que faz muito sentido para a melhor tomada de de decisão.

Adaptabilidade e intimidade com o cliente

Uma plataforma digital é um sistema adaptativo que permite passar produtos e serviços de trilhos a trilhas. Trilhas são mais abertas e flexíveis, mas precisam ser desbravadas, testadas e validadas. Entender o indivíduo e ofertar uma jornada e experiência individualizadas só é possível se o custo de mudança for menor que o custo de oportunidade, algo possível, somente, a partir da coleta constante de dados associada a algoritmos e modelos que gerem respostas rápidas e verificáveis. No modelo tradicional, construímos processos para serem o padrão unívoco e desvios tipicamente são erros. Já no modelo digital, os processos são espinhas dorsais no instante de tempo zero que servem de tela em branco para construção de uma sequência de etapas otimizadas para maximizar o resultado dependendo do usuário.

Em suma, no jogo infinito, mais importante do que as vitórias e derrotas, é continuar a jogar. A Transformação Digital, quando levada ao centro do modelo de negócios, é uma alavanca da continuidade operacional, possibilitando que flexibilidade e a resiliencia partam dos processos para a mentalidade das pessoas. Digitalizar é preciso assim como se adaptar é preciso.

Gilberto Strafacci Neto

Chief Operating Officer da Practia Brasil (www.practiaglobal.com.br) e Senior Partner do Setec Consulting Group (www.setecnet.com.br). Master Business Essentials CORe Program pela Harvard Business School, MBA em Liderança e Inovação, Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Master Black Belt, Agile Coach, Design Thinker, Manager 3.0, Certified Six Sigma Master Black Belt pela American Society for Quality (ASQ) e Certified Scrum Master pela Scrum Alliance e Facilitador Certificado LEGO® SERIOUS PLAY® (Ver PERFIL).

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