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Enquanto o mundo fala de IA Generativa, talvez você tenha que dar mais atenção para o 5S.

25 de novembro de 2023

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“Em um mundo onde discutimos o avanço e aplicação de tecnologias disruptivas é muito fácil esquecermos de fazer o básico bem feito”

Nas águas turbulentas do progresso tecnológico e metodológico, navegam os especialistas, frequentemente esquecidos de que as correntes da inovação não fluem igualmente por todos os mares. Assim como os grandes navegadores do passado, que descobriram terras desconhecidas, os profissionais de tecnologia e metodologia exploram territórios como Agilidade, Lean e Inovação, tratando-os como continentes já mapeados e dominados. Contudo, existe um vasto mundo além, onde tais conceitos são meras lendas, sussurradas pelo vento, mas nunca plenamente compreendidas ou vistas.

No universo corporativo, a curva de adoção tecnológica se assemelha a uma montanha íngreme. No seu pico, estão as organizações pioneiras, aquelas que rapidamente se adaptam e dominam novas práticas. Estas empresas são como águias que voam alto, avistando horizontes que outros ainda não podem ver. Porém, na base dessa montanha, na chamada “calda longa”, encontram-se inúmeras organizações que ainda caminham por trilhas antigas, desconhecendo os caminhos recém-descobertos.

Como exemplo, a Indústria 4.0, com sua promessa de automação, inteligência artificial e interconectividade, ressoa como uma sinfonia futurista no palco empresarial. No entanto, é fundamental recordar que muitas organizações ainda não orquestraram sequer os primeiros acordes do 5S, um método de gestão básica e essencial. Essa realidade serve como um lembrete de que, embora temas avançados como a Indústria 4.0 sejam empolgantes e cruciais, não se pode negligenciar a importância de revisitar e promover os fundamentos.

O 5S, em sua simplicidade e eficácia, é como o solista que prepara o palco para uma performance mais complexa. É um erro considerar este método como um assunto batido ou banal; pelo contrário, ele é a pedra angular sobre a qual estruturas mais sofisticadas são construídas. O básico, muitas vezes, não é apenas o ponto de partida, mas também o alicerce constante que sustenta o crescimento e a inovação.

Na busca incessante por inovação e tendências emergentes, frequentemente nos desviamos do básico, daquilo que verdadeiramente importa. Esta situação remete ao mito de Ícaro, uma poderosa analogia para o dilema contemporâneo na gestão empresarial e na adoção de tecnologias.

Ícaro, filho de Dédalo, foi presenteado com asas feitas de cera e penas para escapar do Labirinto de Creta. Seu pai advertiu-o para não voar nem muito baixo, onde as asas umedeceriam pelo mar, nem muito alto, onde o sol derreteria a cera. Ícaro, encantado com a possibilidade de tocar o céu, desobedeceu e voou alto demais. O inevitável aconteceu: o calor do sol derreteu suas asas, e ele caiu no mar e se afogou.

Este mito ressoa profundamente no contexto atual das empresas. A inovação e as tendências, como a Indústria 4.0, são as asas que nos permitem alçar voos espetaculares, buscando novos horizontes e possibilidades. Entretanto, ao nos concentrarmos excessivamente nessas alturas vertiginosas, corremos o risco de esquecer os fundamentos – o equivalente ao voo seguro e equilibrado recomendado por Dédalo.

Assim como Ícaro, muitas organizações, deslumbradas pelas alturas prometidas pelas novas tecnologias, negligenciam as bases de sua estrutura e práticas – o 5S, os princípios Lean, a cultura organizacional sólida – que são essenciais para sustentar qualquer voo inovador. O resultado pode ser um colapso, não por falta de ambição, mas por um desequilíbrio entre o novo e o fundamental.

Portanto, é crucial manter um equilíbrio entre o desejo de inovar e a necessidade de consolidar as bases. As organizações devem assegurar que, enquanto exploram novos céus da inovação, suas asas estejam firmemente ancoradas nos princípios básicos e práticas sólidas. Somente assim poderão voar alto sem o risco de cair, como Ícaro, vítima de suas próprias ambições desmedidas.

A verdadeira mestria não se encontra apenas em abraçar o novo, mas também em valorizar e aperfeiçoar o essencial. Assim, ao equilibrarmos nosso foco entre o avançado e o básico, criamos um ambiente empresarial mais robusto e preparado para os desafios tanto do presente quanto do futuro.

O desafio para os especialistas não é apenas explorar novos domínios, mas também construir pontes que conectem essas terras distantes. É essencial lembrar que cada organização, como cada indivíduo, possui seu próprio ritmo de aprendizado e absorção de novas práticas. Assim como um mestre paciente que guia seus discípulos, os especialistas em tecnologia e metodologia devem adaptar suas abordagens, compreendendo que a jornada para o domínio de práticas como Agilidade, Lean ou Inovação é um processo gradual e diversificado.

Nesse contexto, a sabedoria não reside apenas no acúmulo de conhecimento, mas na capacidade de compartilhá-lo de forma inclusiva e empática. Ao reconhecerem as diferentes velocidades e caminhos de aprendizado, os especialistas podem efetivamente iluminar o caminho para aqueles que ainda estão nas sombras da ignorância, guiando-os suavemente em direção às terras promissoras da inovação e eficiência.

Portanto, no vasto oceano do conhecimento, onde cada ilha de sabedoria é um ponto de luz, cabe aos especialistas não apenas seguir viagem, mas também lançar faróis que orientem os navegantes menos experientes. Pois, no final, o verdadeiro progresso ocorre quando todas as embarcações, grandes e pequenas, conseguem navegar juntas em direção a um futuro mais iluminado e promissor.

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