Na Practia temos trabalhado fortemente o conceito de Hyperautomation com a utilização de mais tecnologias integradas ao RPA junto da identificação de oportunidades de negócios mais refinadas, usando a automatização não somente para substituir atividades manuais, mas também para criar mais valor e alavancar a digitalização em cadeias de valor mais complexas. Insistimos há tempos no aumento da automatização descentralizada e responsável a partir de usuários finais e equipes locais capacitadas. Não por coincidência, criamos uma área focada somente em treinamentos de RPA para nossos clientes.
Acompanhando esse movimento, fiquei atento a dois eventos importantes das principais ferramentas de mercado de RPA: Pude acompanhar a apresentação da nova release 20.10 da plataforma Uipath sob o tema Advancing the Automation Platform e também o lançamento da AARI (Automation Anywhere Robotic Interface), um assistente digital inteligente lançado pela Automation Anywhere em outubro. Resumo abaixo algumas percepções, destacando as principais mudanças que impactam principalmente na estratégia das empresas com relação às automatizações.
Antecipo que fico feliz pela coerência e pelo alinhamento das novidades que vi com o que pensamos como estratégia e foco para o RPA em nossos clientes a partir da metodologia da Practia para Hyperautomation. É possível também notar que as ferramentas líderes de mercado querem ir além do RPA permitindo melhor usabilidade, governança e desenvolvimentos mais robustos e inteligentes.
NOVIDADES UIPATH
A Uipath vem atuando fortemente no eixo de Hyperautomation e trouxe para a mesa a discussão acerca da automatização de processos mais complexos, além da simples mimetização de atividades manuais e repetitivas. Segundo a própria Uipath existem três abordagens principais que devem ser utilizadas para promover a automação inteligente e em escala que destaco a seguir.
Inteligência Artificial
Primeiro, destacam o uso da inteligência artificial (IA) para a automação de processos robóticos (RPA) com a adição de três novos recursos:
- Lançamento de suporte On-Premises para o AI Fabric e UiPath Document Understanding. Isso significa que empresas que preferem manter arquivos sensíveis em seus próprios data centers agora podem aproveitar as funcionalidades de ambas aplicações em seus próprios servidores.
- Foram lançados mais modelos predefinidos para AI Fabric e o Document Understanding, o que promete acelerar a adoção dessas soluções. No UiPath Document Understanding foram apresentados exemplos para processos como pedidos de compra, gestão de contas e faturas para países como Japão, Austrália e Índia. No AI Fabric foram apresentados modelos predefinidos para análise de imagens e análise, compreensão e tradução de linguagem, por exemplo.
- Também foi comentado sobre o continuos model retraining que promete melhorar os resultados das análises ao longo do tempo. Em tese, isso significa que os modelos podem ficar cada vez melhores com base nos dados e documentos do mundo real que existem em nos processos.
Interação com o Usuário
A segunda abordagem é sobre o aumento da interação de humanos no fluxo de automação (Human into the Loop) quando necessário para validação, aprovação e tratamento de exceções. Essas funcionalidades são tratadas dentro do Action Center.
Agora UiPath Action Center tem uma nova interface separada do UiPath Orchestrator e adaptada mais para o usuário final com capacidade de atribuição de tarefas dinâmicas. Os usuários podem acionar automações autônomas com formulários (incluindo upload de arquivos) usando o novo recurso. O UiPath Process Mining também foi integrado para que os alertas do processo cheguem na caixa de entrada do Action Center. Parece um ambiente mais amigável e centralizado para gerenciar as informações e ações do usuário.
Chatbots
A terceira abordagem é focada em chatbots. Foi apresentada uma evolução da integração das soluções da empresa Druid com maior interação junto aos UiPath Robots, reunindo RPA e IA de conversação de uma forma mais intuitiva.
Governança
Houve também bastante discussão acerca da governança que já era ponto central no Automation Hub que já criava um ambiente inicial para gestão da demanda e monitoramento de alguns indicadores do COE.
Notei integrações interessantes via API com o Jira e Workday, além de uma evolução no UiPath Task Capture para documentar seus processos com mais facilidade. A versão mais recente do Task Capture inclui um instalador para que você possa ser compartilhado com toda a sua organização, expandindo e reforçando o objetivo da Uipath com o conceito de automatização descentralizada via Citizen Developers.
Como boa prática, temos insistido muito no estabelecimento de critérios e controles upstream antes do início da automação a partir de um Definition of Ready após a confecção do SDD.
Nesse sentido, foi informado que foram implantados controles e travas adicionais ao Studio: regras e restrições que podem ser colocadas em prática para controlar quais aplicativos ou sites podem ser automatizados. Adicionalmente foi criado um caminho crítico que força a passagem da automação por um analisador antes que ela seja autorizada para publicação ou execução.
Claro que é necessário inteligência nessas restrições e regras de negócio para que não se torne um gargalo ao desenvolvimento descentralizado, mas parecem funcionalidades interessante para tranquilizar as equipes de infraestrutura, aplicações e segurança da informação quando discutimos colocar o RPA na mão de usuários finais.
Nesta nova versão, para ajudar o CoE a executar seu programa de automação em escala, o UiPath Orchestrator parece simplificar o gerenciamento de RPA em escala. A mudança mostrada é da nova experiência do usuário que deve tornar mais fácil gerenciar mais usuários e entidades.
Por último, O UiPath Process Mining recebeu especial destaque como ferramenta que permite a descoberta de ineficiências e gargalos que afetam o crescimento do negócio e determinam oportunidades de automação a partir de uma avaliação mais refinada e planejada. Process Mining é colocado como uma alavanca importante de identificação, monitoramento e otimização de processos.
NOVIDADES AUTOMATION ANYWHERE
A Automation Anywhere se orgulha bastante da sua plataforma cloud que permite um crescimento mais escalável e menos invasivo a partir da menor dependência de infraestrutura. Além disso, tem trabalhado fortemente na identificação e governança das automatizações a partir do Discovery Bots, Bot Insights e Analytics.
Gostaria de destacar, contudo, o lançamento do AARI (Automation Anywhere Robotic Interface), um assistente digital inteligente disponível por meio da plataforma Enterprise A2019. Segundo a Automation Anywhere o AARI torna mais fácil para qualquer pessoa participar da automação das tarefas diárias de negócios, por meio de interfaces de usuário amigáveis.
Segundo exemplos da própria empresa, assim como os populares assistentes digitais Siri e Alexa, o AARI permitirá uma interação mais simplificada pelos usuários com os robôs permitindo que simplifiquem suas atividades, melhorem a colaboração entre as equipes e forneçam o melhor atendimento ao cliente.
Trata-se também de uma estratégia importante na qual as automações cada vez mais saem do Back-Office e migram para operações relevantes orientadas aos usuários e clientes finais lembrando também a estratégia da Microsoft com o Power Automate e o Microsoft Lists. A tecnologia de RPA, a partir dessas empresas, quer ocupar espaços.
Entendo que esses novos releases são coerentes com a estratégia das plataformas líderes de mercado propondo ir além da automação básica, como estabelecido pela Gartner, ecoando os mantras de usabilidade, automação avançada, assistentes para o trabalho e hyperautomation.
Esses lançamentos apresentam um esforço importante em novas funcionalidades que cada vez mais permitirão a automação descentralizada na mão dos usuários finais junto da identificação de oportunidades mais avançadas integradas com tecnologias como Inteligência Artificial e Chatbots. O RPA quer e vai sair do back-office e da mão de poucos desenvolvedores, ainda sim, tentando ao máximo tranquilizar as áreas técnicas sobre como garantir a governança, níveis de acesso e visibilidade dos ganhos.
É importante e se faz necessário que as empresas tenham apoio técnico e consultivo para construir e revisar sua estratégia de digitalização à luz dessa evolução e também para absorver tamanha evolução que ocorre num curto espaço de tempo enquanto muitas delas ainda estão iniciando a jornada de digitalização com bastante dificuldade, mesmo com iniciativas locais e modestas.
Gilberto Strafacci Neto
Chief Operating Officer da Practia Brasil (www.practiaglobal.com.br) e Senior Partner do Setec Consulting Group (www.setecnet.com.br). Master Business Essentials CORe Program pela Harvard Business School, MBA em Liderança e Inovação, Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Master Black Belt, Agile Coach, Design Thinker, Manager 3.0, Certified Six Sigma Master Black Belt pela American Society for Quality (ASQ) e Certified Scrum Master pela Scrum Alliance e Facilitador Certificado LEGO® SERIOUS PLAY® (Ver PERFIL).