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Fonte: Google Images

 

Dificilmente há uma palavra que você mais ouve nas grandes empresas de tecnologia como Apple, Facebook e Google do que privacidade. Da mesma forma, o mantra de que dados são o novo petróleo pode ser um analogia que vai muito além do seu valor potencial, mas também o quanto podem ser poluidores na era da informação.

A frase, originalmente em inglês, “data is the new oil”, que destaca a importância dos dados em comparação ao petróleo, foi uma inspiração do matemático londrino, especialista em ciência de dados, Clive Humby. O conceito tem agitado o mundo dos negócios ao longo dos últimos anos, de modo que passou a ser popularmente utilizado entre consultores, executivos e profissionais ligados à transformação digital.

Não à toa, 93% das empresas brasileiras reconhecem a importância dos dados, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Grupo Toccato. Além disso, outros 97% revelaram tomar decisões com base nesses insumos. O levantamento contou com a participação de 170 empresas privadas e órgãos públicos de diferentes segmentos, sendo a maioria dos entrevistados analistas, gerentes, coordenadores e diretores, além de outras posições que lidam diretamente com dados.

Tendo em vista a importância dos dados para o dia a dia das empresas, manter essas informações seguras também é um pilar fundamental para os negócios, evitando possíveis vazamentos ou roubo de informações por meio da internet. Adicionalmente, decidir como dispor dos dados não utilizados é um problema tão relevante quanto e efetivamente muito menos discutido, carecendo de boas e melhores práticas.

Primeiramente, vamos estabelecer alguns conceitos. Não é raro encontrar algum texto no qual o autor utiliza os termos dado e informação como sinônimos. Esse tipo de associação pode até ser feita em muitos dicionários, mas, no contexto de tecnologia não é tão simples assim. Por isso, entender a diferença entre dados e informação é fundamental para o sucesso no dia a dia de quem atua na área de TI.

Os dados são elementos que constituem a matéria-prima da informação. Podemos defini-los, também, como conhecimento bruto, ainda não devidamente tratado para prover insights para uma organização. Assim, os dados representam um ou mais significados que, de forma isolada, não conseguem ainda transmitir uma mensagem clara.

As informações são os dados devidamente tratados e analisados, produzindo conhecimento relevante. Ao contrário dos elementos brutos do tópico anterior, elas têm significados práticos e podem ser utilizadas para reforçar o processo de tomada de decisão.

“Todas empresas estão definindo ou redefinindo a privacidade para seu próprio benefício de várias maneiras mas, obviamente, a privacidade deve ser definida da perspectiva do usuário. Essa é a única perspectiva que realmente conta.”

App Tracking Transparency da Apple define privacidade como empresas que não compartilham dados que coletaram sobre você com outras empresas, sem sua permissão. Contudo, o mesmo estudo aponta que parte dos dados de cada americano vazam 750 vezes por dia, e dos europeus estão 360 vezes por dia. Mesmo considerando-se involuntário, isso é uma quebra de privacidade significativa. Vazamento é perda de privacidade.

Em outras palavras, essa gigante legislação que visa proteger as pessoas e seus dados, a LGPD, que nos forçou a dar mais cliques do mouse (para aceitar ou negar os tais cookies), em muitos casos, só criou certa percepção de segurança que não é real.

Os dados são uma coisa maravilhosa, mas têm seus desafios. Os conjuntos de dados que estão sendo construídos tem muita similaridade com o lixo nuclear do século 21. A energia nuclear é potencialmente eficaz, eficiente e limpa, quando não falamos de vazamentos ou da disposição de componentes que não são mais necessários para se criar valor.

Quando uma informação vira conhecimento, os líderes empresariais possuem mais meios para estruturar uma estratégia que permita ao negócio atuar de modo inteligente e capaz de agregar valor aos seus produtos e serviços. Uma vez que esse plano de ação é executado por completo, o processo se reinicia. O negócio realiza nova coleta de dados que devem explicar como as mudanças e investimentos afetaram positivamente o fluxo de trabalho da empresa. Mas e os dados que efetivamente não forem mais necessários? E o custo de seu armazenamento? E a segurança dessa informação potencialmente útil? E a sua disposição e eventual forma de descarte?

Produzir informações e conhecimento relevantes é uma tarefa fundamental para as empresas que não desejam ficar paradas no tempo. A organização que se dedica a entender mais o comportamento dos clientes e as oscilações do mercado se antecipa às demandas. Contudo, dados são ativos compartilhados e precisam ser pensados desde sua captura até o fim do ciclo de vida. Assim como na indústria, entender a disposição, custos e até mesmo se realizar inventário dos dados pode ser uma prática que se torne comum nas organizações. E, quando falamos de cuidado, o nível de atenção à privacidade deve ser mantido ao longo de todo o ciclo de vida, da aquisição, uso e inclusive após, num possível descarte.

Gilberto Strafacci Neto

Country Manager da Practia no Brasil (www.practiaglobal.com.br) e Senior Partner do Setec Consulting Group (www.setecnet.com.br). Master Business Essentials CORe Program pela Harvard Business School, MBA em Liderança e Inovação, Engenheiro Mecânico pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Master Black Belt, Agile Coach, Design Thinker, Manager 3.0, Certified Six Sigma Master Black Belt pela American Society for Quality (ASQ) e Certified Scrum Master pela Scrum Alliance e Facilitador Certificado LEGO® SERIOUS PLAY®

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