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Um resumo do cenário da Transformação Digital no Brasil

 

A Transformação Digital no governo e a Transformação Digital em órgãos públicos têm o potencial de mudar completamente as relações entre os cidadãos e seus governos, além de aumentar a eficiência da administração pública, o que é um dos grandes objetivos de qualquer democracia madura. Contudo, como estamos?

Vale lembrar que o que separa os líderes digitais dos demais é uma estratégia digital clara aliada a uma cultura e a uma liderança prontas para impulsionar a transformação. Isso não deve ser surpreendente dado que a história do avanço tecnológico está cheia de exemplos de organizações que se concentram em tecnologias sem investir em capacidades organizacionais que garantam seu impacto. O mesmo vale para governos e nações.

Os governos têm sido particularmente propensos a essa armadilha. Vamos a um exemplo do que frequentemente ocorre no Brasil no ramo da educação: os esforços para colocar computadores nas escolas não resultam em melhorias de desempenho porque não acompanham mudanças fundamentais nos métodos de ensino adequados à tecnologia.

Ou seja, investe-se na transformação digital sem que ela se converta em benefícios, pois os gestores acreditam que basta implementar a tecnologia para que ela faça toda a sua mágica.

Dentre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e suas 169 metas associadas, uma é específica e possui indicadores relativos às Tecnologias da Informação e Comunicação. No entanto, a transformação digital pode influenciar direta ou indiretamente vários dos demais objetivos e metas como os seguintes:

Objetivo 1 – Erradicação da Pobreza: inclusão financeira dos mais pobres, pela combinação terminais móveis com acesso à Internet, pagamentos móveis e novos instrumentos financeiros no ambiente digital;

Objetivo 2 – Fome Zero: Internet das Coisas, aumentando a produtividade na agropecuária reduzindo perdas no campo e na logística de transporte e distribuição;

Objetivo 3 – Saúde e Bem-Estar: uso de terminais móveis com acesso a bases de dados médicas e viabilizando prontuários eletrônicos; e a Internet das Coisas, com monitoração e diagnóstico remoto;

Objetivo 4 – Educação de Qualidade: computadores com acesso a conteúdos digitais, ensino à distância, treinamento de professores e capacitação profissional;

Objetivo 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura: ampliação da infraestrutura de acesso à Internet, empreendedorismo digital, e Internet das Coisas;

Objetivo 13 – Combate às Alterações Climáticas: redes de sensores combinadas com terminais de aceso à Internet, possibilitam ação rápida na prevenção e mitigação de desastres naturais;

De fato, a área digital tem se mostrado como um novo centro vital das modernas economias e os países líderes têm se posicionado de forma estratégica em relação ao tema. No cenário internacional, diversos países buscam alavancar suas principais competências e vantagens, ao mesmo tempo preenchendo lacunas importantes para maximizar os benefícios da economia digital.

A depender do dinamismo econômico e das principais forças produtivas, alguns países procuram ser líderes em setores específicos e promissores, como a robótica, a inteligência artificial, a manufatura de alta precisão ou as inovações financeiras digitais, enquanto outros gerenciam seus marcos regulatórios de forma a aproveitar o potencial das tecnologias digitais. Entre as prioridades das iniciativas de digitalização pelo mundo, estão a busca de competitividade em negócios digitais, digitalização de serviços públicos, criação de empregos qualificados na nova economia e políticas para uma educação melhor e mais avançada.

Com o Brasil não será diferente. As vantagens brasileiras deverão ser aproveitadas para superar desafios e avançar na digitalização da economia. Embora o Brasil possua fortes e significativas vantagens competitivas em determinadas áreas – agronegócio desenvolvido, setores de indústria e serviços sólidos, diversidade cultural, economia grande e diversificada, mercado consumidor atraente – percebe-se que o País ainda tem desafios importantes a enfrentar.

Estudo recente aponta que a economia digital representava em torno de 22% do PIB brasileiro de 2016, podendo chegar a 25,1% do PIB em 2021, e apontando que uma estratégia digital otimizada pode trazer 5,7% de acréscimo (equivalente a US$ 115 bilhões) ao PIB estimado para determinado ano. Outro estudo indica que, nos próximos anos, a economia digital global deverá crescer a um ritmo 2,5 veze superior ao crescimento da economia mundial em geral. Essa economia digital global deve representar um montante de US$ 23 trilhões em 2025.

As tecnologias de informação e comunicação (TICs) são o vetor econômico e social da atualidade. Investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) neste setor são fundamentais para garantir aos países a participação nas cadeias globais de agregação de valor, promover empregos, aumento nos níveis de renda e atividade econômica e garantir a seus cidadãos acesso à informação e ao conhecimento gerados mundialmente. Além disso, devido ao fato de ser um setor altamente dinâmico, investimentos em PD&I são imprescindíveis para que os países permaneçam competitivos e possam se apropriar da renda e do conhecimento gerado com base nas novas tecnologias da economia digital.

Contudo, o nível de investimento brasileiro em P&D como proporção do PIB permanece distante dos países líderes nesse indicador, embora em linha com alguns países europeus. O gráfico 3 mostra que enquanto esse indicador no Brasil é de 1,27%, a média de países da União Europeia é de 1,95% e de países da OCDE é de 2,39%, com destaque para países nos quais esse percentual de investimento supera 3,5%, como Coreia (4,28%), Israel (4,27%) e Japão (3,58%).

Na comparação entre os investimentos empresariais e governamentais em P&D, observa-se que, no Brasil, a maior parte dos investimentos em P&D advém do setor público: 53% em relação a 47% de dispêndios provenientes de empresas (gráfico 5). Essa situação diferente, por exemplo, daquela observada nas principais nações europeias, cuja participação dos dispêndios empresariais em P&D representa, em média, 64% do total, chegando a ser superior a 70% em países como Coreia (75,7%), Japão (75,5%) e China (74,6%).

Em resumo, a transformação digital é tema relevante de qualquer nação que tenha por objetivo garantir competitivadade e melhoria de seus indicadores diversos. Fica claro que temos um grande desafio à frente, principalmente no que tange o montante e a qualidade do investimento em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento. Igualmente importante é definir um plano estratégico para que a tranformação digital esteja alinhada aos objetivos governamentais de tal forma que o progresso seja mensurável na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Mais importante ainda: prover transparência dessa estratégia e envolver possíveis agentes que possam contribuir para aceleração desse movimento.

 

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